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(AVISO: Com spoilers)
Era uma vez Alice, que entrou em um buraco que a levou para o País das Maravilhas. Durante sua aventura, Alice descobriu que o cetro da Rainha de Copas lhe dava o poder de criar seu próprio Paisinho das Maravilhas, e assim que saiu dali, a garota passou a chamar suas amigas fofoletes para se divertir jogando críquete com flamingos pelo resto da vida.
Lendo o parágrafo acima, você preferiria o conto original de Lewis Carroll ou esse “reboot”? Se você achou infame, foi mais ou menos como me senti ao assistir ao documentário “Sound City”, de David Grohl, que supostamente deveria contar a história do famoso estúdio da Califórnia que gerou pérolas do rock do Nirvana, Fleetwood Mac, Tom Petty, Rage Against the Machine e outros.
Digo “supostamente” porque Grohl tem uma participação bastante dicotômica nesse seu projeto. Se por um lado é louvável o seu esforço em documentar a trajetória daquele lugar, também é um pouco assustador como ele força a barra para direcionar o filme lá pelas tantas para um discurso contra as gravações digitais (um tema válido, mas não bem executado aqui), e pior, como o terço final serve apenas como peça de propaganda de seu Studio 606, criado com a mesa de mixagem Neve que comprou dos restos do Sound City, quando este fechou as portas em 2011.
E daí logo após as melancólicas cenas dos envolvidos com o Sound City lamentarem o fim do mesmo, vemos Grohl todo serelepe montando seu estúdio novo e sendo David Grohl, ou seja, o cara mais bem relacionado do rock atual, chamando seus amigos sensacionais Josh Homme, Trent Reznor, Steve Nicks e Paul McCartney para gravar umas coisinhas por lá. Não seria nada mal se fosse nos dez minutos finais do filme, mas por 40 minutos foi o ápice do exibicionismo.
Ok, David, todo nós achamos você um cara legal e sabemos que você só queria o melhor para o finado estúdio, mas do jeito que a coisa ficou, você ficou parecendo aquelas celebridades que anunciam aos quatro ventos que fez doações para a caridade. Ficou feio pro seu lado.